Afogamento
No encerrar dos dias já não sou nada.
Adormece o céu e finda a luz.
Caminho ao mar, arrastada,
em breve silêncio, que me conduz.
Caminho ao mar pra morrer de tempo...
Sigo extasiada em compassar lento,
despedindo-me, quase em prosa.
Fica o verso, fica a vida.
De minha infância querida,
já não tenho alento.
E minha vida, tanta!;
embora seja assim,
vai transbordar, salgada...
Seja dia ou madrugada,
em despedida breve, inebriada,
mal vai notar o meu fim...
[2021. Publicado na antologia "Poetas Malditos Contemporâneos". Editora Dark Books. Interpretação disponível em vídeo no YouTube e Instagram do projeto artístico Contos de Pandora].