O poente
O sol se foi.
Longe desponta, nos tempos de outrora.
Acobreada clareia,
lembrança que restou.
Acalentando a alma, até breve aurora,
o escurecer incendeia
história que restou.
Do despertar vagaroso não fica paz, nem luz.
Nem tempo, segurança...
Imensa vastidão.
Leva o acalanto,
deixa pranto, que traduz,
dos tempos de criança, uma casta solidão.
O poente não volta,
permaneço a anoitecer.
Nos dias, na inércia; no antigo e vago olhar.
Pois quando vai, me leva,
sem voltar e sem dizer...
A imensidão de saudade,
que não há de revelar.
[16 de Março de 2021].