Bicicleta - prece à quietude
Olha as flores do portão e diz se continuam a responder nossos anseios. Diz se no outono é possível florescer também. Conta sobre as dores de um mundo sem cores, sem as suas memórias...
Olha para a minha alma, de onde estiver, vê se ainda há cor.
Planta fé em meu coração e paz em minhas lembranças. Rega meus sonhos, nutre meus olhos,
seca as minhas desesperanças. Faz da praça abandonada, outra vez, recinto de tarde boa. Conserva empática, leva a dor. Alimenta essa prece, descartando as sementes do desamor.
Faz da saudade um passeio no parque, que sufoca a culpa e enobrece o querer.
Corre em meus pensamentos para eu ver outra vez o jardim brotar.
Traz a amiga de nome rabiscado no verso, neste ano controverso, qual não se define mais.
Sobre pedras vou cansada. Sigo os passos na pressa que a vida traz.
A pedalar, na caminhada, talvez reste alguma paz.
[21 de setembro de 2019].