Carta de amor e só

Jogada no canto da sala,
uma carta de amor e só.

Na madrugada que cala
não há serenata em dó.

Janela empoeirada
emoldura, enluarada,
a noite que completou.

Carpete velho rasgado.
Antes tivesse incendiado
o tempo que não passou.

A carta não dizia nada
que te acendesse em mim.

Em estrofe ensaiada
leio o rascunho vazio
que anuncia o fim.

Tanto amor que entediava
a noite, que mal passava,
pela garganta, um nó.

Jogada no canto da sala,
faltando algo de ardente,
a carta de amor e só.

[5 de março de 2021].

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