Constelação
Sabe...
Eu tenho te lembrado tanto.
E nessa ambiguidade me encontro em análise.
Fui buscar agora umas roupas no varal e a noite me envolveu. Daquele jeito sereno. Com tempo, silêncio e vento. Com paz e saudade. De um jeito que talvez poucas pessoas percebam.
Talvez eu. E você.
Talvez ninguém mais...
Acho que ninguém mais.
E essas conexões, pairam?
Quando eu penso em você, você ainda pensa em mim?
Seu olhar complacente, ainda em meu coração presente, comporta o meu serenar?
Dói caminhar - só - pela madrugada.
É ruim sentar na janela enluarada e saber que hoje a lua me tem com dó...
Fico ali debruçada, sozinha, olhando a constelação. Lembrando das horas compartilhadas de reflexão. Pensando se alguma das vozes de meu pensamento ecoa no seu coração, esteja onde estiver.
Encaro o asfalto cintilante e o seu leve caminhar constante de quarenta anos neste lugar.
Penso nas árvores da pracinha logo ali, e em mim - garotinha - com o seu apoio, aprendendo a andar.
É tortura instigante abrir a janela quando anoitece. É coragem que ainda estou tentando buscar.
Mas, sabe, em toda essa história que deixou, dos ensinamentos a cada ato de amor, embora eu ainda tenha tanto a melhorar, devo sempre agradecer...
Entre janelas, reflexões e prantos; com os meus medos e encantos, sei que sou assim hoje - em parte - por você.
[2021].