O espelho
O tempo a passar entre os dedos, a escorrer entre os sons de cada dia que se sufocou.
Outra vez me gritou o espelho. Delineando, estarrecido, por toda a gente que não mais voltou.
Denota-me a imagem estagnada em minhas saudades, diz que o dia anda passando lento e que não vão correr as horas. Faz mais meia dúzia de dores. Hipnotiza, inebria, embriaga e observa minha alma, que chora extasiada.
E, quando vejo, passou.
Passou outro dia na vida do tempo. Levando a tarde a refletir o momento tardio em que se estilhaçou.
[2021].