Último nome, Marcos
Se um dia eu resolver contar a história da minha vida em detalhes, Marcos é um nome que fica pro final.
Para as partes onde tudo já está encaixado e o coração verte em todas as direções, ansioso pelo desfecho certo, em busca de um sentido.
Marcos percorre as memórias profundas e os mais inóspitos corredores do desaconchego que a saudade guia. Não há luz nessas confusas descrições. Não há noite. Não há dia...
Mas o mais interessante não é onde Marcos chega ao fim dessa história conturbada, que cruza com a minha alvorada, em inquietação, com toda a dor que encontrou. O importante é o começo: lá no tempo da saudade, em uma casa abandonada. "Abandonada" pelo apreço...
Um sobrado.
Menininha de olhar envolto em medo recebia toda a segurança que hoje abraça tardiamente. Era tempo de festividade. Sorriso, afeto, sol na varanda e tarde quente.
Tempo de chegada.
Nunca partida, ao mundo que souberam entregar.
Entre desacertos, assim dizendo, no antigo sobrado, por tantos tempos e nomes, passaram dores e dias que marcam enfim.
Ainda corre nas memórias, a menininha. E paira o nome. Marcos, que ecoa em tanto do que carrego em mim.
Marcos é o nome que foi, mas que se faz presente.
Cientista e poeta em uma mesma vida.
E vive. Ressoando, mesmo ausente.🌹
[06 de Agosto de 2020].