Tempo de cobre no casarão
Transformações no ar do casarão
acobrearam o espelho ao amanhecer.
Enferrujada eu, com o peito em vastidão,
andei nos corredores até entardecer.
Entardeci então, pela cozinha,
sem me lembrar o que fazia ali.
Andei no casarão triste e sozinha,
e no vidro da sala, envelheci.
Encarei o meu reflexo tão só, tão eu,
agora arrastando uns trinta anos.
Nos quartos e nos versos o mesmo breu
que ecoava sem reparar os danos.
Não reparei no tempo, nem notei
a transformação de tudo o que perdi.
Ah, angústia! Saudade que plantei
no jardim da casa em que eu nasci.
[14 de abril de 2023].