Verso-mapa

Escrevo para não me afastar de mim.
Perco-me entre linhas,
entrelinhas, sem inspiração,
como verso: sem fim,
(nem emoção...).

E quando penso na falta de sentido
vejo que 
é num verso dolorido
que sou mais gente.
Mais coisa minha,
(embora, descrente...).
Mais eu, completa, ainda sozinha. 

Se olho pra dentro do verbo,
com olhar de breve enredo,
até minha falta de fé é capaz de crer em Deus
e o dia amanhece mais cedo
tão perto dos versos meus.

Desclassifico coisas 
pra seguir contando prosa
e, quando vejo, já sou:
(de toda uma vida saudosa)
cada verso que restou.

Entre/linhas, que tracei,
Não há verso-identidade
mas, se houver, disponha,
de toda a dor inconstante 
que escrevo como mapa na mão,
a minha poesia errante. 

Não ouso deixar ao mundo,
apesar de amar as vindas,
o meu versar de solidão. 
O resto é consequência.
Mas afirmo em consciência 
que sou verso em imensidão.

[Abril de 2023].

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