Cidade em desatino

A cidade está deserta,
Não existe um suspiro nas casas,
As plantas respiram baixo,
É triste a voz da manhã,
Sopra tão clara e sã,
Sua voz na planície aberta.

Abro a janela antiga
No meu casarão da memória,
Não tem, em rua que sopre,
A voz de sua saudade,
No murmúrio da cidade,
Guiando qualquer cantiga.

O vento fechando o tempo
Faz do meu peito imensidão,
Que pausa a passar os dias,
Na ruína abandonada,
Da cidade amargurada,
Que dorme, em meu pensamento. 

Cidade em desatino,
Nas ausências esquecida,
Me sopra pelo caminho,
No ventar de cada aurora,
E eu sigo indo embora,
Nas rédeas do meu destino. 

[27 de agosto de 2023.]

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