Latidos

Acordei com lambidas no rosto.
Não era nada, só impressões do tempo.
Após os latidos, aquilo que me incomodava me incomoda mais agora, em suas ausências.
O abraço de minha prima pequena, que não me deixava virar no colchão.
O medo de ser acordada com o carinho desastroso de um dos cachorros que os meus tios traziam para os dias no interior.
O barulho, que era tanto...
Que silencia na alma.
E, no entanto, não vai mais voltar.
Abri os olhos entre as impressões.
Não há mais ninguém.
Nem eu mesma.
Sozinha, caminho em outro lugar. 

[Janeiro de 2022.]