Flores de praça

Na infância fui princesa,
uma árvore confirmou.
Ao jogar brincos de pétalas,
entre bolinhas, na praça,
que o meu sonho se firmou.

E logo mais à frente
eu me escondia no choro 
de um salgueiro tristonho,
que eu nunca entendi o motivo,
com tanta lamúria verdinha,
acabou virando sonho.

Nessa mesma praça dormi
no abraço da goiabeira.
Sumi por instantes longos
e - certa vez - me perdendo,
me encontrei, a tarde inteira. 

Lembro do primeiro passo
entre os galhos que nasci,
de uma pracinha antiga
que está em cada traço
de verso que já escrevi. 

[25 de janeiro de 2024.]