No teatro
Hoje em análise eu falei um tanto do teatro. Porque comecei falando do mundo, na verdade, e dos percalços, dos caminhos e angústias que me norteiam. Depois eu disse que eu era assim desde criança, desnorteada. No meu aniversário de 5 anos eu chorei muito na hora do bolo, por causa das luzes e da exposição.
Eu nunca quis as luzes do mundo virando os caminhos e fui parar no teatro. "Já pensou o porquê?". Já pensei sim.
Eu seguro o choro um tanto em terapia, mas dessa vez foi difícil...
Eu disse que, quando eu caí no teatro pela primeira vez, foi pra tentar ser qualquer coisa no mundo que não fosse eu. Ouvir isso de um aluno adolescente recentemente me fez doer o peito de um jeito que eu nem sei explicar.
No teatro eu poderia ser qualquer um. E foi lá que eu descobri que entre esses "quaisquer" é preciso amar muito a vida pra poder saber contar uma história. Não tem como fazer aquilo sem paixão, sobrenome que só me fez sentido por causa do teatro. Ali no solo sagrado tem que ter entrega completa. E foi assim que, por ironia do destino, eu fui sendo cada vez mais eu.
Hoje eu nem sei exatamente onde o teatro começa e onde começo eu. Todas as vezes que eu tentei me desvencilhar do teatro foi porque eu me perdi um pouco de mim mesma nessa vida. Mas é impossível essa coisa de fugir da gente.
Eu posso até me despedir do palco, vez ou outra, mas paixão é coisa que continua na caminhada. Sou grata a cada personagem ao qual me emprestei e que me complementam a existência.
No teatro é tudo, às vezes, confuso de um jeito que só me resta amar com propriedade. Gosto de chamar isso de minha verdade cênica. Porque paixão e teatro são duas coisas interligadas que eu, hoje, tenho em mim. E sem, eu nem saberia ser...
[28 de maio de 2024.]