Amar uma mulher triste
Eu tento não ser a mulher triste no fundo da sala
porque eu cresci amando uma mulher arrasada,
de olhar derramado,
cansada do mundo,
de embelezar poema e doer às vistas,
e isso não é bom.
Para longe das culturas e cultos e conceitos
e cobranças e causos e casos
e coisas dramáticas
e demais construções de gênero que eu posso listar,
eu odeio ser a mulher triste afundada no sofá.
Porque quando eu olho no espelho da história
eu fico cansada só de lembrar do rosto
que sorri socialmente
e gargalha às entranhas
e, sinceramente, eu quero morrer.
Mas meu querer morrer passa breve.
Porque eu não sou a mulher triste no fundo da sala.
E me ergo dos afundamentos do sofá.
E não gargalho ou choro infundada.
Eu, paz. Só paz.
Porque eu cresci amando demais.
E hoje sou um constante levantar.
[18 de julho de 2024.]