Um mês sem o Sr Fausto

Um mês dessa saudade gigante chamada Sr Fausto. Eu não saberia dizer o quanto foi bonita a minha infância acompanhando meus avós nos bailes onde eu, no canto do salão, começava a entender o que era amor. 
Sr Fausto e Dona Myrian se completavam de um jeito único, aquilo ficava muito claro na dança. Talvez por isso seja tão difícil lidar com essas saudades, que sufocam e desesperam. Porque, numa música ou lembrança, eu sinto o quanto fui amada. 
Depois na minha adolescência, minha avó dizia algo como: "Eu não entendo você, uma moça jovem, na melhor fase da vida, sempre grudada em dois velhos." Respondi muitas vezes a ela, depois reforçando ao meu avô: sempre foi um prazer. Uma das coisas mais legais da minha vida foi poder estar na companhia dos meus avós. Minha avó com suas histórias, meu avô com suas alegrias. Minhas avó com sua firmeza, meu avô com sua doçura. Isso sempre vai ser a melhor representação para mim do que é o amor. 
O luto dói de formas diferentes. Os lutos recentes dilaceram. Os lutos antigos passam a ensinar coisas que a gente nem sabia que deveria aprender. 
E é isso: aprender a lidar com a saudade é um dos meus propósitos. Achar um sentido nesse mundo que, volta e meia, fica imenso e vazio outra vez. E todo o amor que vivi até esses meus 33 anos vão me ajudar...
Muita saudade que dói, vô! Como eu sei que vc teve as suas. Mas vou seguir. Obrigada, outra vez, por me ensinar sobre altruísmo, sobre alegria e (principalmente) sobre amor. 

[8 de dezembro de 2025].