Um lar de mulheres

Caminhei no tempo até cair num lar de mulheres
numa casa grande, 
com vozes fortes que ecoam, 
e colos que sabem amar.

No sol do quintal densos olhares rogam por mim.
Gargalhadas rompem o tempo, 
e o choro confronta as regras.
Tem guerra toda manhã. 

No tempo do almoço, um som de proteção.
Gritos e preces tingem a tarde,
mãos enrugadas conduzem a vida,
um livro de receitas costura a minha história. 

No fim da tarde, um céu violeta.
Saudades mergulham na mesa posta
com café, dores e certezas nossas;
canto de sereia atravessa as paredes.

E a noite na casa nunca tem fim...
Assombra com prenúncios as lembranças,
profetiza os medos da vida 
nas danças sob o luar. 

Um lar de mulheres é sempre uma guerra,
com força, afeto e resguardos de munição,
dos baús antigos e contos narrados.
É lá que tecem as manhãs. 

[9 de março de 2025] 

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